A Felecidade de todos os seres da Sociedade Futura

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“É boa! Ainda se fosse a felicidade dos seres huma-

nos, seria possível. Mas a felicidade de todos os seres, incluindo os irracionais ?! Oh ! Isso é irrea-

lizável utopia de idealista !”

«Mas será isto verdade? Não estarei eu sonhando? Será verdade que este pedaço de terreno sagrado, que o dinheiro da solidariedade humana resgatou, pertence de hoje em diante a um grupo de homens que são irmãos, a umas dúzias de indivíduos que querem ser livres na Terra Livre, a um punhado de seres que detestam a vida irracional das grandes cidades? Será verdade que morreu aqui a árvore maldita da propriedade privada? Será verdade que estes 3 quilómetros benditos vão ser explorados em benefício comum? Será verdade que aqui vai ser a divina cidade da Luz e que além, daqui a 3 mil e tal metros, é a terra das trevas, o sítio do vício, a estrada do crime?» (Gonçalves Ferreira)


 

Aquela máquina nova de dissuadir multidões em fúria
parece-me uma óptima ilustração para o que é a sociedade do controlo
chamam-lhe o guardião silencioso e paralisa sem matar aqueles
que carregam desejos mais fogosos
Uma série de mulheres e homens bonitos acariciam-me e eu
no papel principal recito uma canção bem ensaiada e decorada
com métodos de foie-gras…

“A sociedade futura, sem propriedade individual, que será de todos, como o sol, como a lua, como o próprio ar, inundará o mundo de ternas, de quentes alegrias. O ódio, que é filho do egoísmo e do erro, dará lugar à estima de todos, que deixarão de se guerrearem como inimigos, para se estimarem como irmãos! O próprio irracional não terá, como o boi simpático e paciente, olhos mortiços, o corpo cansado e esquelético. Compreenderá o homem, enfim, que ser rei dos animais não significa ter o direito à sua tortura. Os próprios irracionais terão lugar no grande banquete da vida, inundando-se a terra de pura, de generosa alegria!” (Gonçalves Ferreira)

Depois de ter cortado todos os braços que se estendiam para mim; depois de ter entaipado todas as janelas e todas as portas; depois de ter inundado os fossos com água envenenada; depois de ter edificado minha casa num rochedo inacessível aos afagos e ao medo; depois de ter lançado punhados de silêncio e monossílabos de desprezo a meus amores; depois de ter esquecido meu nome e o nome da minha terra natal; depois de me ter condenado a perpétua espera e a solidão perpétua, ouvi contra as pedras de meu calabouço de silogismos a investida húmida, terna, insistente, da Primavera (Octavio Paz).

“Gonçalves Correia dá-me vontade de rir pela sua ingenuidade e tolstoianismo – mas acaba por se me impor. Este homem, que pretende realizar um sonho, dá a esse sonho tudo o que ganha, e, apesar da guedelha, das considerações ingénuas, faz-me pensar” (Raul Brandão)

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