XII

Depois de ter cortado todos os braços que se estendiam para mim; depois de ter entaipado todas as janelas e todas as portas; depois de ter inundado os fossos com água envenenada, depois de ter edificado minha casa num rochedo dum Não inacessível aos afagos e ao medo; depois de ter cortado a língua e logo a devorar; depois de ter lançado punhados de silêncio e monossílabos de desprezo a meus amores; depois de ter esquecido meu nome e o nome da minha terra natal; depois de me ter julgado e condenado a perpétua espera e a solidão perpétua, ouvi contra as pedras do meu calabouço de silogismos a investida húmida, terna, insistente da primavera

 

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